Curitiba, primavera de 2013.
Querido Anjo,
Porque foi único. E é estranho e raro que soubéssemos sempre as palavras um do outro e ao mesmo tempo. Mas mais bonito ainda é a surpresa da linguagem do olhar, justo pra nós que falamos tanto. Minha alma brilha quando o tempo passa, anos e anos, conversando e conversando e conversando de assuntos que são quase obras de Escher ou a localização do mar Adriático, e ao invés de ficarmos cansados, ficamos com mais vontade de. E rimos, um do outro e um com o outro. Mas rimos sobretudo de nós mesmos, cada um de si, confessando fraquezas e bobeiras, porque estar a vontade é isso mesmo, sem medo algum, acolhidos e amparados, sem peso ou constrangimento das humanidades que nos aproximam. E eu te conto de mim e das coisas que nem eu mesma sabia antes de te falar, e vc conta suas histórias como quem visita uma casa antiga, agora com a presença do sol. Agora a saudade de sempre será temperada pelo desejo de quando. De pernas entrelaçadas esperando adormecer um sobre o outro. Um cheiro de pele que traz uma embriaguez mansa que não poderia ser chamada de outra coisa, senão paz.
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* Primeiro texto do nosso pseudônimo coletivo, de várias faces, vários humores, culturas e histórias, assim como uma só pessoa também é. Em breve novos textos e histórias anônimas, ou nem tanto, estarão aqui no blog. Ahh estamos aceitando sugestões de nomes para o pseudo coletivo.
[…] Leia a primeira carta: https://umpalpite.com.br/a-primeira-carta […]
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